MONTEIRO, José Lemos. A Estilística: manual de análise e criação do estilo literário.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2005, cap. 4, pág. 101-153.
O
capítulo “A escolha estilística” do livro A
estilística: manual de análise e criação do estilo literário escrito por
José Lemos Monteiro trata sobre as várias opções que um autor pode fazer ao
escrever determinadas frases em seu texto.
O
autor diz que podemos expressar de diversas maneiras ao escrever uma frase. Um
mesmo enunciado pode ser escrito e formas diferentes sem perder o sentido
original, e a escolha da maneira como será escrito depende do estilo de quem do
escritor. Ou seja, “A escolha de um elemento em vez de inúmeros outros
disponíveis no código é uma questão de âmbito estilístico” (pág. 101).
José
Monteiro diz que essa escolha estilística pode ser feita em dois níveis
diferentes: pelo eixo da seleção, na qual se opta por uma e exclui outras e
pelo eixo da combinação no qual se elege um tipo de construção ou arranjo para
estabelecer relações entre as unidades lexicais.
“Quando
se realiza a operação de escolha no nível lexical, substituem-se elementos que
guardam uma relação de identidade ou equivalência semântica.” (pág. 103). Nem
todos os sinônimos tem o mesmo significado, o autor diz que cada vocábulo possui
seu próprio valor evocativo que é relacionado com as classes sociais, região,
época ou profissão de quem escreve. Não se pode usar termos informais em uma
escrita totalmente formal, quando isso ocorre é chamado de incoerência
estilística. Nas palavras de Monteiro “O significado de uma unidade linguística
abrange a imagem mental (o conceito), as repercussões afetivas, a imaginação
sensorial, bem como os valores sociais.” (pág. 104)
Há
também palavras que possuem a mesma forma, mas em determinados contextos o
significado muda. Como o autor descreve:
As formas que originaram
vocábulos homônimos foram, na realidade, diferentes entre si. O problema é que,
ás vezes, a evolução semântica gera para um mesmo significante significados
extremamente distanciados, o que torna custoso identificar a polissemia, e, em
outros casos, os homônimos podem manter entre si alguma relação significativa.
Monteiro fala que o processo
de combinação na escrita de um texto apresenta duas modalidades (a sintaxe
afetiva e a lógica), que podem operar em um sistema de coordenação ou subordinação
de uma frase. E que “é da natureza do discurso se correlacionar com a escolha
desses dois tipos de construção de frase” (pag.107). Desta forma, ele ressalta
que:
A escolha entre dois tipos de construções se
correlaciona de algum modo com a natureza do discurso. Assim, a prosa arcaica é
mais coordenativa, a clássica prefere a subordinação e a contemporânea volta a
ser mais inclinada à parataxe.
José Lemes fala que a
articulação rítmica da escrita de um texto é definido pelo período que o autor
pertence, e também pela época em que escreve. Ele diz que, os “fatores Lógicos,
psicológicos ou mesmo fisiológicos intervêm no correlacionamento e na extensão
dos enunciados, definindo o ritmo próprio de cada escritor.” (pág.111). E também “[...] os traços definidores de um
estilo de época podem induzir que os textos sofram variações nesse ponto.” (pág.
111)
Como podemos notar, o
ritmo de escrita é definido pelo próprio escritor do texto. É ele quem vai
comandar, a partir de suas experiências ou desejos, a maneira como sua
narrativa será encaminhada. Como salienta Monteiro: “É oportuno insistir no
fato de cada autor ter seu próprio ritmo, capaz de dar feição peculiar a sua
obra.” (pág.112)
O autor descreve como os
ritmos desarticulados que alguns escritores usam para escrever um texto, são
utilizados quando tentam ser fiéis a reprodução de oralidade na escrita. Ao
retratar a dificuldade que os escritores encontram ao tentar passar a oralidade
pro papel Monteiro diz: “não seria difícil delimitar as sequências oracionais,
conferindo-se ao texto uma organização dentro dos padrões convencionais da
escrita, mas isto alteraria grande parte dos efeitos desejados.” (pág.114)
Segundo Monteiro, nenhum
escritor segue uniformemente as regras de virgulação, e que é o papel da
estilística identificar os procedimentos usados pelos autores para dar
expressividade em seu texto. Nas palavras do autor:
Cada enunciado é uma
situação nova, com sua aura de emotividade determinada pelo momento, pelas
circunstâncias. Tudo isso nos leva a considerar que a opção pelo ritmo
psicológico encerra um dos mais fortes desvios estilísticos e até mesmo deveria
ter sido analisada mais detidamente na parte em que tratamos das matataxes, uma
vez que se liga à quebra da coesão sintática.
Para Monteiro, os autores
podem representar sua realidade através de uma visão estática ou dinâmica, os
escritores tem liberdade para construir ou descontruir uma frase de acordo com
seu estilo. Como o autor nos esclarece no trecho abaixo:
Côncisos de que a
linguagem pode ser reinventada em qualquer nível, os escritores sempre estão
abrindo novas possibilidades de construção dos enunciados, às vezes partindo de
uma operação de desconstrução em que as frases aparecem na estrutura
superficial como se fossem apenas vocábulos soltos.
Os efeitos do foco narrativo em um texto é muito
importante para compreendermos o estilo de cada escritor, pois cada autor
escreve de uma maneira e para públicos diferentes. Ou seja, “a adoção de um ou
outro foco está ligada às intenções do autor, embora possa haver alguma
influência do próprio gênero.” (pág.117)
Sobre as estruturas
topicalizadas, o autor diz que:
Os gramáticos se mostram
incapazes de descrever certas construções que lhes parecem frases quebradas ou
simplesmente inanalisáveis. Em geral, são rotuladas de anacolutos e avaliadas
com desvios expressivos somente quando ocorrem no discurso de um grande escritor.
Ao analisar os processos sintáticos, Monteiro diz que os
gramáticos distinguem três processos sintáticos na construção frasal: a
concordância, a regência e a colocação dos termos. Porém, na formulação de
regras, os gramáticos se veem obrigados a apresentar um acúmulo de exceções,
porque na verdade não existem uniformidade de emprego, em decorrência do
próprio caráter variável ou heterogêneo da língua.
Para José Monteiro, “A
representação dos entes reais ou imaginários se faz linguisticamente por meio
de vocábulos que, se caracterizam por traduzir uma perspectiva estática em
relação ao mundo biossocial.”(pág.128)
O autor fala sobre os
principais efeitos dos processos de substantivação e adjetivação que são: a
visualização do abstrato, o apelo sensorial, e a mudança de classe.
Sobre o uso de artigos em
um texto literário, o autor diz que é um dos mais significativos quando se usa
de uma maneira adequada. “Sua presença reiteração ou ausência acarretam efeitos
estilísticos-semânticos dos mais variados, o que nos leva a fixar algumas
diretrizes para a depreensão dos valores.” (pág.147)
Por fim, Monteiro
ressalta que toda a alteração acontece sempre em função de alguma variação
semântica. Como ele diz “A todo instante, a pronuncia que conferimos aos vocábulos
reflete a flutuação de nosso estado emotivo. O arrebatamento, a surpresa, a
indignação, a revolta, a ironia, tudo pode ser marcado por traços fonológicos.”
(pág. 153)
Amei tudo por aqui, você esta de parabéns boneca!
ResponderExcluirRosy!
Obrigada Rosy!!! Aparece sempre =D
Excluirbeijos
Estava precisando mesmo de um fichamento para esse texto!!! Obrigada por salvar minha vida haha
ResponderExcluirpor nada..
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